O Garimpo Mixthaipe será essa subparte da newsletter que terá o objetivo de divulgar artistas que eu acredito serem desconhecidos e que, de alguma forma, descobri por aí. Vem comigo!
Como uma boa NEIGRA eu gosto de conhecer culturas diferentes, especialmente do continente africano. Numa dessas fui abençoada pelo spotify em uma playlist de indie africano com esse artista sul-africano chamado Bongeziwe Mabandla.
Segundo minhas pesquisas por aqui, Bongeziwe Mabandla nasceu numa área rural de uma cidade pequena chamada Tsolo na África do Sul. Como muitos artistas, Bongeziwe teve contato com a música crescendo na igreja. Para perseguir seu sonho ele foi para Joanesburgo, uma das maiores cidades do seu país, e se formou em uma universidade de artes, lugar onde ele explorou sua linguagem musical.
As músicas de Mabandla são na língua xosa, um dos idiomas oficiais da África do Sul. Por essa razão acredito que ele é um desses casos em que a gente não precisa entender o que ele está falando, mas apenas sentir (e ao menos que alguém saiba esse idioma, só terá essa opção já que dificilmente encontraremos tradução das músicas).
O que me deixou encantada com a música desse cara é que, por eu não ter como me conectar com ele a partir das histórias que conta, essa limitação linguística me fez ficar muito mais sensibilizada com o som que ele produz e com sua voz tão cheia de emoção. Ele faz música indie-folk, folktrônica e explora também o que acredito ser afrobeats. Ouvir a música dele é como entrar em um território que reverencia o passado e tradição enquanto parece sempre querer trazer o futuro para habitar este espaço/tempo.
Discografia
Bongeziwe Mabandla, até o momento, tem 4 álbuns. São eles:
Umlilo (2012)
O primeiro álbum apresenta uma versão mais tímida e menos robusta do que viria a acontecer nos álbuns seguintes. Aqui a gente vê uma inclinação ao reggaeton e pop-rock.
Mangaliso (2017)
O álbum que me introduziu à música desse cara foi Mangaliso. Tudo começou quando eu ouvi uma música em específico daqui que foi a “Ndonkulandela”. Aqui há um som mais acústico, explorando a emoção na lindíssima voz de Mabandla, algumas influências do afrobeats além das características melodias de encher os olhos de água.
IiMini (2020)
Lançado no ano da pandemia, iimini começa a explorar de maneira mais acentuada a sonoridade de synths, foltrônica e synthpop o que, junto às belíssimas melodias características de Bongeziwe, fez com que se tornasse um disco lindo em todos os aspectos.
AmaXesha (2023)
O disco mais recente do Bongeziwe, e que entrou na minha listinha de MELHORES DO ANO injustiçados (porque só tive tempo de ouvir depois que escrevi minha lista oficial), é como uma mistura equilibrada entre o disco de 2017 e o sucessor de 2020, ou seja, é mais acessível e continua com a tristeza característica na voz e melodias no estilo indie-folk. Um álbum lindo! E pela capa percebemos que alguém andou treinando pesado. Parabéns, colega!
Ouça você mesmo:
Fiz uma playlist com as músicas que acredito que sejam as melhores das que ouvi do moço sul-africano. Siga, escute e se apaixone como eu me apaixonei <33